Lar das Meninas

Pois é... O Lar das Meninas está finalmente online. Embora o nome possa sugerir, não somos um orfanato, mas uma república. E das melhores já vistas! Nossas portas estão abertas (aqui). Viva a inclusão Digital!

quinta-feira, junho 30, 2005

Cinco minutos da sua atenção

Ontem, estreiamos o "Cinco minutos da sua atenção". Uma de nós pede a atenção das outras para compartilhar alguma coisa. Pode parecer análise coletiva, mas a proposta é mais interessante.
Na estréia, morangos e poesia. a poesia, do Poe, podemos compartilhar com vocês. Já os morangos...

Um sonho num sonho


Este beijo em tua fronte deponho!
Vou partir. E bem pode, quem parte,
francamente aqui vir confessar-te que
bastante razão tinhas, quando
comparaste meus dias a um sonho.
Se a esperança se vai, esvoaçando,
que me importa se é noite ou se é dia...
entre real ou visão fugidia?
De maneira qualquer fugiria.
O que vejo, o que sou e suponho
não é mais que um sonho num sonho.
Fico em meio ao clamor, que se alteia
de uma praia, que a vaga tortura.
Minha mão grãos de areia segura
com bem força, que é de ouro essa areia.
São tão poucos! Mas, fogem-me, pelos
dedos, para a profunda água escura. O
s meus olhos se inundam de pranto.
Oh! meu Deus! E não posso retê-los,
se os aperto na mão, tanto e tanto?
Ah! meu Deus! E não posso salvar
um ao menos da fúria do mar?
O que vejo, o que sou e suponho
será apenas um sonho num sonho?


Edgar Allan Poe

Paranóia delirante

Dizem por aí que de médico e de louco todo mundo tem um pouco. Médicas, o Lar tem duas. De bicho, mas servem. Loucas, somos quatro. E esta que vos escreve tem muitas razões para acreditar que é a maior delas. Ultimamente, tenho tido muitas provas de que sou anormal. Meu histórico não é bom, muitos sabem.

Quando morava em Resende, nos (felizmente idos) tempos em que tinha que levantar às 5h30, acordei com um barulho de corrente sendo arrastada no quintal. Viro para um lado, viro para outro e, em pleno século XX, penso: Os escravo fugiram. Nisso, o despertador toca, eu pulo da cama e vou escovar os dentes. Ouço novamente o barulho das correntes. Fico com medo. E agora? Como vou pegar o ônibus com os escravos rebelados?

De repente, algo soa estranho. Escravos, ônibus...Abro a porta da sala. Ouço de novo os sons de corrente. Temo mais uma vez. A seguir, Bob, o cachorro da vizinha, passa pela rua, feliz e contente. Fugiu. A corrente é dele.

Anos se passam. ( Aliás, que coisa mais apressada é o passar dos anos!) Lar das Meninas, Junho de 2005. Um dia desses, portanto. Raquel reclama que Priscilla, que divide o quarto com ela, tem roncado muito. Anna vai dormir. A certa altura do campeonato, é acordada por foguetes e gritos dos, sempre histéricos, vizinhos do prédio dos fundos. Pensa: Tem alguém na laje. (A laje, para quem não sabe, é a mesma que me permitiu bancar a heroína alguns posts atrás. Confiram. Não vou explicar de novo.) Tem alguém ali, tentando entrar no apartamento.

Nisso, ouço a voz no quarto ao lado, baixinho:
_ Priscilla...
( Ai, caramba! Raquel percebeu que tem alguém tentando entrar por sua janela.)
_Ô, Priscilla! Ai, Meu Deus!
(Cacá está com medo.)

Ouço barulhos de batida na madeira. Pronto. Invadiram. Cacá fala mais alto:
_Ô, Priscilla! Priscilla!

Ela está deseperada. Deve estar sendo atacada. Tremo, encolhida na cama. A porta do outro quarto se abre, alguém passa para a cozinha. Num surto de coragem, me levanto. Raquel precisa de ajuda.
_ Cacá, o que está havendo?
_ Ô, Anna, a Priscilla tá roncando mais que um trator. Não consigo dormir!
_ Porra, Cacá!
Todos os barulhos e pedidos de socorro não passavam de tentativas de fazer a Pri parar de roncar. Pois é.

Ontem. Vou dormir e deixo a Lu estudando na sala. Sou acordada pelo barulho da porta sendo destrancada. Alguém invadiu e passou direto pro banheiro. Me encolho. Devo permanecer quieta e fingir que estou dormindo, assim, talvez não aconteça nada.

A porta do quarto se abre. O pavor aumenta. Juro. Nunca na vida o coração bateu tanto. A pessoa caminha para a cama da Lu. Sobe na cama da Lu. Não ouço mais barulho. Meu Deus. Mataram a Lu e agora vêm na minha direção.
Dois segundos.
Ué! Não vêm, não!
Cai a ficha. Sua burra. É a Lu.

Levanto e vou ao banheiro. Quando é que vou aprender que barulhos não são causados, necessariamente, pelas coisa que acho que estão acontecendo quando tenho o sono interrompido? Luana foi dormir tarde e percebeu que a porta estava destrancada. Quase infarto por isso.
Gente desiquilibrada não precisa de muito esforço para ter adrenalina.

terça-feira, junho 07, 2005

Nota ao público

Entro em cena para pedir aos leitores desse humilde espaço desculpas por todas as coisas absurdas que têm sido postadas ultimamente. Coisas escritas por engano foram deletadas e Anna Carolina está proibida de publicar qualquer coisa até segunda ordem.

quarta-feira, junho 01, 2005

temos problemas

A porta-voz da casa não consegue se organizar.
Por que o tempo parece tão curto? Temos provas, temos trabalho, temos tudo. Menos o bendito tempo!
Acho que estou meio tonta. Vou ali e já volto.