Lar das Meninas

Pois é... O Lar das Meninas está finalmente online. Embora o nome possa sugerir, não somos um orfanato, mas uma república. E das melhores já vistas! Nossas portas estão abertas (aqui). Viva a inclusão Digital!

sábado, julho 22, 2006

Pequeno aviso para que as coisas tenham contexto

Se a vida continuar seguindo seu rumo de acordo com a ordem natural das coisas, serei a primeira a me formar, daqui a pouquíssimo mais de um ano. Acontece que eu sofro de nostalgia precipitada crônica e isto tem feito com que eu já olhe para nossa casa com um certo ar de saudades e fique repassando alguns dos tantos momentos (sem-adjetivos-porque-vários) que tive aqui.

Acontece que, além de nostálgica, sou detalhista. E isso faz com que alguns dos meus “momentos decisivos” sequer tenham sido flagrados por outras pessoas. Paciência, momentos são assim: cada um tem os seus.
Este blá blá blá todo é, afinal, para justificar a postagem de linhas e mais linhas à mais simples cascas de laranja. E viva o sumo das coisas!

Descasca a minha laranja?



Era uma de nossas primeiras semanas em Niterói. Mal nos conhecíamos. Eu não sabia que a Luana acha um verdadeiro absurdo fazer certos favores (false sheep). Ela não sabia que eu tinha uma rinite filha da mãe. Eis uma das minhas grandes cenas neste lugar.

Luana, viciada em laranjas, senta-se ao sofá e descasca uma. Eu, à mesa, subitamente tenho vontade de chupar uma laranja também. Vou à cozinha, pego uma e, inocentemente, faço o pedido:

– Descasca para mim?

O momento de tensão se dá. Estava acostumada à pedir que descascassem minha laranja porque espirro o equivalente a duas semanas se o cheiro do sumo ficar na minha mão. Luana tem incrível dificuldade para lidar com atitudes que considere mimos ou folgas descaradas. E isso fica logo claro para mim com a expressão de “não acredito” que, imediatamente, se desenha em seu rosto. Logo acrescento:

– É que eu sou alérgica.

E o constrangimento pairou no ar por alguns segundos. Dois, talvez. Mas desconfio de que não tenha passado de um e meio. Luana se manifesta:

– Ah, tá. Fiquei até meio assim...

Mas a esta altura, um segundo e meio não haviam desfeito o meu constrangimento de ter pedido que ela descascasse a minha laranja.Naquela noite, se não me engano, ela fez o favor e ficou tudo bem. Eu, logo a seguir, adotei a técnica de fazer sacos plásticos de luvas. Desde então, passei a descascar sozinha minhas próprias laranjas. Tangerinas, na verdade, porque dispensam o uso de faca. São bem mais práticas. Permitem que eu as encape e descasque gastando um único saquinho. E sem um único espirro, já que o cheiro não fica na mão e, o sumo, preso no saco.

Só me dei conta disso neste* final de semana, quando, como de hábito, minha mãe disse para eu pedir a meu pai que descasque uma tangerina para mim. Imagina! Como é que antes eu nunca havia tido a idéia? – pensava eu, pensando no episódio relatado e enfinado a laranja no saco. Grande lar das meninas...

Hoje, orgulho-me, as laranjas tiramos de letra. E como nos resta algum tempo, seguimos pelejando na arte de descascar abacaxis.


(*) Neste, na verdade, não corresponde à data da postagem. Este textinho é meio velhinho. Mas vale.

quarta-feira, julho 19, 2006

Faxina


Ontem, Dona Marli, nossa realizadora de limpezas, esteve aqui no apartamento. Como de hábito, ela queria saber se havia alguma recomendação especial, alguma coisa que precisasse ser urgentemente limpa. Não, ontem só havia o de sempre.
Hum... Mas pensando bem, havia um certo cantinho da casa que estava meio mofado. Dona Marli já tinha ido embora quando eu lembrei. Então, sobrou para mim de novo. E é isso que estou fazendo aqui: só passando um paninho com Veja.